domingo, 24 de agosto de 2008


Eleitores elegem a prioridade nesta campanha política
Fonte: Jornal Diário do Nordeste

Rosendo Amorim, professor do curso de Ciências Sociais da Unifor, não se sente surpreso (Foto: KIKO SILVA)

Até a última eleição no Ceará, a principal preocupação era com a segurançaAs recentes pesquisas contratadas pelo Diário do Nordeste ao Ibope sobre a disputa eleitoral nos municípios de Crato e Itapipoca e as da TV Verdes Mares em Fortaleza, têm revelado muito mais do que as preferências dos eleitores para as respectivas Prefeituras. De acordo com os números dessas pesquisas, as preocupações da população mudaram.Agora a saúde é a prioridade, lugar que, antes, era da segurança pública. Na Capital, foram entrevistados 805 eleitores, no Crato, 301, e em Itapipoca também 301. 70%, 65% e 56%, respectivamente, definem a saúde pública como o problema de maior gravidade do município. Fator que para o sociólogo Rosendo Amorin, professor do curso de Ciências Sociais da Universidade de Fortaleza (Unifor), não é nenhuma surpresa, considerando os acontecimentos dos últimos dois anos no País.Para compreender melhor os motivos da mudança, segundo o sociólogo, primeiro, é preciso saber os motivos de a violência ter sido prioridade por tanto tempo e de ter perdido seu posto, mesmo com tanta violência existindo. De acordo com Rosendo, desde o início da década de 90, o Brasil vivia uma crise socio-econômica, apresentando um crescimento econômico real somente em 2008. O fato é que ´crises assim geram outros problemas como o desemprego e, consequentemente, a falta de perspectiva para nossos jovens e a desesperança para os chefes de família. Levando aquilo que eles vêem como última saída, a violência´, explicou.Ainda de acordo com o sociólogo, essa situação perdurou até as eleições governamentais de 2006, no Ceará, quando o governador Cid Gomes (PSB) foi eleito. Ele explica que, a partir do momento em que ´as pessoas passaram a ter, minimamente, a sensação de segurança, elas passaram a priorizar o problema mais iminente. Neste caso, a saúde´. Mas ressalta, o problema da violência não está completamente resolvido, o que há é apenas uma ´sensação de segurança´.RepercussãoRosendo Amorin afirma que há diversos motivos para a saúde ser a nova prioridade da população. Uma delas foi a repercussão das greves de médicos do Instituto Doutor José Frota (IJF), em fevereiro deste ano, posto que muitos dependem do atendimento público em geral. O outro fator está diretamente ligado ao primeiro, ´saúde é um item caro, além de ser um problema imediato´, destacou o professor. Mas, para ele, o principal motivo ainda é o fato de a população ter uma concepção de saúde equivocada, ´acham que saúde é hospital, é remédio. Não percebem que também é alimentação, é prevenção, é higiene. A educação poderia mudar esse quadro´.No Interior, além de todos os itens acima, o sociólogo acrescentou ´a falta de estrutura e de investimentos´, que faz com que as pessoas tenham de se deslocar até a Capital, ´ocasionando um maior custo e mais desgaste para o doente´, afirmou. E os candidatos a prefeitura de Fortaleza, do Crato e de Itapipoca já perceberam essa nova prioridade. Na propaganda eleitoral gratuita de rádio e televisão da Capital, por exemplo, o postulante Pastor Neto (PSC) afirmou que, se eleito, vai criar o ´saúde do quarteirão´. E Luizianne Lins (PT) garante que o Hospital da Mulher terá 1ª etapa inaugurada em dezembro, além de rebater críticas na área da saúde. Patrícia Saboya e Moroni Torgan, também enfatizam a questão da saúde pública.Na pesquisa em Fortaleza, a segurança está ocupando a segunda posição com 45% e o desemprego vem logo atrás com 43%. No Crato, a segurança também está em segundo, com 37%, mas a terceira, diferente da Capital, é a rede de esgoto com 28%. Em Itapipoca a segurança também está com 25% empatada com a educação.

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